14 de junho de 2009

Dorival Kniper (Yustrich)

Dorival Knipel nasceu no dia 28 de Setembro de 1917 em Corumbá no Brasil.
Ficou com o apelido Yustrich por ser muito parecido fisicamente com Elias Yustrich, guarda-redes dos argentinos do C.A. Boca Juniors.
Dorival Knipel começou a jogar futebol aos 18 anos como guardião no C.R. Flamengo clube onde permaneceu até 1944. Em seguida mudou-se para o Vasco da Gama e depois passou ainda pelo América.
Depois de deixar a carreira de jogador, Yustrich passou a treinador. Ficou conhecido por ser um técnico duro e disciplinador e não permitia que os seus jogadores fumassem, deixassem crescer a barba e usassem o cabelo comprido. Ao mesmo tempo que não suportava falta de empenho nos treinos e atrasos dos jogadores. Por tudo isso havia quem o chamava de Homão, também devido à sua postura física e aos seus 1,90m de altura.
Em 1953 foi demitido do Atlético Mineiro por o ambiente entre o técnico e os jogadores já ser insuportável.
Na temporada de 1955/56 chegou ao Futebol Clube do Porto. Logo nessa época sagrou-se Campeão Nacional e terminou com um jejum de 16 anos sem o F.C. Porto vencer o campeonato. Nessa temporada venceu também a Taça de Portugal (a primeira do F.C. Porto), no que foi a primeira dobradinha da história do clube. Foi nessa temporada que Yustrich impôs a obrigatoriedade de o emblema do clube estar sempre presente nas camisolas do seus jogadores. No final da época e numa digressão à Venezuela, Yustrich colocou em duvida a autoridade do presidente e insultou o tesoureiro (chamou-lhe estúpido e cavalo e disse que“se fosse mais homem atirava-o da janela do hotel abaixo). Foi despedido, mas em Julho 1957 regressou com o apoio do novo presidente do F.C. Porto, Paulo Pombo. Mas mesmo assim Yustrich continuava a ter problemas com alguns jogadores, entre eles Hernâni. Em 1958, no final de um jogo em que os portistas venceram o Clube Oriental por 5-0, o treinador ordenou que os seus jogadores agradecessem o apoio do público. Hernâni foi o único a não acatar as ordens do treinador por “não estar para alinhar em palhaçadas”, e os dois chegaram mesmo a confrontos físicos à entrada para os balneários (ainda por trás da baliza da superior sul do Estádio das Antas). No final dessa época Yustrich foi dispensado.
Regressou ao Brasil e ao Vasco da Gama em 1959.
Em 1964 treinou o Siderurgia de Sabará e venceu o campeonato estadual. Passou depois pelo Vila Nova e mais tarde voltou ao Atlético Mineiro onde foi por várias vezes Campeão Mineiro.
Em Dezembro de 1968, o Atlético Mineiro foi convidado a representar a Selecção do Brasil num jogo contra a Jugoslávia. O Atlético, que vestiu a camisola canarinha nesse jogo, venceu por 3-2 e Yustrich foi dessa forma treinador da Selecção brasileira por um único jogo.
No ano seguinte e ainda no comando técnico do Atlético Mineiro, venceu a Selecção do Brasil num jogo particular por 2-1. No final do jogo, mandou os seus jogadores darem a volta olímpica no relvado, o que levou os adeptos do Mineirão à loucura. No entanto mais tarde voltou a ter problemas com mais um jogador, neste caso foi com o uruguaio Cincunegui. As discussões entre o jogador e o treinador passaram a ver cada vez mais frequentes e mais ásperas, até que o jogador uruguaio apontou uma pistola a Yustrich.
Em 1970 Yustrich mudou-se para o C.R. Flamengo, e logo no jogo de estreia do Torneio de Verão goleou a equipa argentina do C.A. Independiente por 6-1. Mas os resultados dos jogos seguintes não foram os melhores e em 1971 foi demitido.
Depois ainda treinou o S.C. Corinthians e o Coritiba F.C. Em 1977 mudou-se para o Cruzeiro e foi Campeão, mas deixou no balneário a sua lei ao proibir o jogo de bilhar snooker nos estágios. Ainda quando estava ao serviço do Cruzeiro foi alvo de mais um episódio caricato e que acabou por lhe valer o afastamento de clube. No final de um jogo, um jogador do Cruzeiro deu a sua camisola a uma criança que tinha invadido o relvado e Yustrich mandou o roupeiro ir buscar a camisola do jogador. O presidente do clube não permitiu e depois de alguma confusão Yustrich foi demitido ali mesmo no relvado.
O Cruzeiro acabou por ser o ultimo clube que Dorival Yustrich treinou. Depois retirou-se por completo do mundo do futebol.
No dia 13 de Outubro de 1987 esteve no relvado do estádio das Antas antes de um jogo do F.C. Porto contra o Portimonense S.C. e foi homenageado com uma estrondosa salva de palmas. Nesse dia disse uma frase que ficou célebre: “O F.C. Porto vingou e eu fui a semente”. Mais tarde ao jantar em sua homenagem disse que “senti que regressava ao meu querido Porto”.
Dorival Knipel acabou por falecer no dia 15 de Fevereiro de 1990, mas ainda nos dias de hoje é recordado por muitos adeptos do Futebol Clube do Porto como um dos seus melhores e mais importantes treinadores.

Palmarés
2 Campeonatos Nacionais da 1ª Divisão (Portugal)
1 Taça de Portugal

4 comentários:

RicFCP disse...

Yustrich, não é do meu tempo, mas tem o meu pai como grande fã. Segundo ele, apesar do mau feitio, era um treinador de topo e que se tivesse apanhado o clube numa fase de maior estabilidade podia ter-nos guiado por mais anos e até vôos mais altos.

O seu nome ficará para sempre ligado a um título do FCP, no tempo em que cada título valia por 10, tal a dificuldade de os conquistar. E fez a primeira dobradinha da história do nosso clube!

Nuno Leal disse...

Também não conhecia bem a história de Yustrich, espectáculo, obrigado, abraço portista

Anónimo disse...

«... Yustrich, não é do meu tempo, mas tem o meu pai como grande fã. Segundo ele, apesar do mau feitio, era um treinador de topo e que se tivesse apanhado o clube numa fase de maior estabilidade podia ter-nos guiado por mais anos e até vôos mais altos.

O seu nome ficará para sempre liga do a um título do FCP, no tempo em que cada título valia por 10, tal a dificuldade de os conquistar. E fez a primeira dobradinha da histó ria do nosso clube! ...»


Quem o diz é o "RicFCP" mas poderi amos ter sido nós... fidedi gnamen te.

Poderiamos acrescentar que foi la mentável a forma como saiu (em 1956), como foi "recuperado" (em 1957) com0o "bandeira eleitoral" do Dr. Paulo Pombo e, sobretudo, como voltou a sair "empurrado" por uma polémica em que o mitico Herna ni foi "utilizado".

para nós, foi o melhor treinador que conhecemos no FC Porto. A seguir só... Co Adriannsen.

Porquê? Se quiserem nós "justifica mo-lo".

Miguel Teixeira disse...

conheci muito bem YUSTRICH,eu andava na escola primária na Praça das Flores,onde ficava o Lar do Jogador.Eu convivi com jogadores do Porto e YUSTRICH quando havia jogos nas Antas pegava-me pelo ombro e metia-me dentro do autocarro com os jogadores e lá ia eu ver os jogos ás Antas.Foi também ELE a semente do meu amor pelo GRANDE FUTEBOL CLUBE DO PORTO. Miguel Teixeira