António José de Lemos nasceu no dia 21 de Fevereiro de 1950 em Luanda, Angola.
Começou por jogar futebol nos juniores do Clube Ferroviario de Luanda até que em 1966 vem para Portugal.
Já em terras lusas ingressou nos juniores do Futebol Clube do Porto até passar a sénior, o que aconteceu em 1968.
Como sénior, Lemos ingressa no Boavista F.C. por empréstimo dos portistas. Nos axadrezados esteve durante duas temporadas tendo disputado 25 partidas oficiais e apontado 12 golos.
No inicio da época de Em 1970/71 regressa ao F.C. Porto.
A sua estreia com a camisola dos Dragões aconteceu no dia 13 de Setembro de 1970 em Faro, no Estádio São Luís, onde os portistas defrontam o S.C. Farense, num jogo a contar para a 1ª jornada do Campeonato Nacional de 1970/71 e que os algarvios venceram por 1-0.
Na tarde de 31 de Janeiro de 1971, memorável tarde, o nome de Lemos soou alto e soou longe, pela rádio. Lemos marcou, no Estádio das Antas, os 4 golos da vitória do F.C. Porto sobre o S.L. Benfica de Eusébio e Companhia! Mas não foi só por causa do "poker", nas Antas, que os benfiquistas jamais se esqueceram dele; é que, também na Luz, ainda na época 1970/71, Lemos fez o gosto ao pé e desfeiteou as "águias" por mais duas vezes no empate (2-2) no reduto encarnado. Assim, à sua conta, o avançado portista converteu todos os seis golos com que os Dragões brindaram os benfiquistas nos jogos do campeonato daquela temporada de 1970/71.
A vitória frente ao S.L. Benfica foi um marco na carreira de Lemos e os 4 golos um recorde que ainda perdura. Ele recorda com precisão e com orgulho cada pormenor dessa partida: "No primeiro golo, o falecido Pavão fez-me uma assistência primorosa e só tive de empurrar a bola. O meu segundo golo foi espectacular! Quando ninguém acreditava que chegasse à bola, quase na linha de fundo, desferi um pontapé que surpreendeu o Zé Henriques. No terceiro, o Bené fez um lançamento lateral, apanhei a bola e fiz um chapéu ao guarda-redes. E no quarto, estava com um problema num joelho e o Humberto Coelho não acreditou que eu chegasse a tempo mas ultrapassei-o e toquei a bola à saída do guarda-redes."
Esteve para ser cedido ao Barreirense F.C. antes do início da época do famoso jogo das Antas, como refere Pinto da Costa na sua autobiografia "Largos Dias Têm Cem Anos". E só não o foi porque, num plenário de 24 pessoas ficou decidido, "pela margem mínima de um voto", que o jogador permaneceria no clube – "era assim que funcionava o F.C. Porto, mesmo nas grandes decisões, como por hipótese, a escolha do treinador. Isto permitia situações completamente absurdas, como a maioria poder decidir contra a vontade dos responsáveis do futebol" – conta ainda Pinto da Costa que, na altura, era director das actividades amadoras. De facto, procedimentos 'muito democráticos' mas pouco eficazes.
A proeza de António Lemos igualou a de Carlos Nunes que, 35 anos antes, em 22 de Março de 1936, havia marcado 4 golos ao rival Sporting C.P. no Campo do Amial, no Porto. Aí o resultado a favor dos azuis e brancos foi bem mais dilatado, 10-1, e era o primeiro "poker" num "clássico" (F.C. Porto versus S.L. Benfica versus Sporting C.P.). Só Lemos repetiu a façanha.
O jogador esteve envolvido em mais de uma dezena de "clássicos" e só venceu aquele de Janeiro de 1971.
Nas épocas 1970/71 e 1971/72 marcou, respectivamente, 18 (melhor marcador da equipa) e 8 golos no Campeonato Nacional.
Em 1973 (decorria a época 1972/73) Lemos – que não obtivera o estatuto de "Atleta de Alta Competição", imprescindível para o subtrair à guerra do "Ultramar", foi mobilizado para Cabo Verde pelo Exército Português. Mas o inesperado aconteceu: o avião, que transportava Lemos e a sua "Companhia de Operações Especiais", fez um "desvio" na rota e aterrou em… Bissau (Guiné). E todos aqueles soldados que julgavam ir para uma "guerra" branda no arquipélago das belas mulatas e da romântica morna, lá ficaram naquela que era a colónia portuguesa com a conjuntura militar mais difícil e perigosa. Acresce que, no início do ano de 73, o PAIGC (movimento independentista) incrementara as acções de guerra criando muitas dificuldades às tropas portuguesas que combatia desde Janeiro de 1963. A Guiné estava a 'ferro e fogo' e, talvez por isso, a "Companhia" de Lemos tenha sido desviada para aquele território.
Voltou da Guiné em 1974 ainda a tempo de participar na época de 1974/75, a última que faria pelo F.C. Porto. Lemos jogou no F.C. Porto ao lado de grandes futebolistas como Rolando, Custódio Pinto, Nóbrega, Pavão, Bené, António Oliveira, Flávio, Abel, Seninho, Heredia, Rodolfo, Fernando Gomes e o extraordinário Cubillas. Contudo não logrou qualquer título pois, desafortunadamente para ele, esteve nos últimos anos de um período em que as agruras do futebol passaram pelas Antas. Mais dois ou três anos e saborearia as vitórias que abriram um longo e risonho ciclo, um tempo de gloriosas e inesquecíveis conquistas, que Lemos merecia.
Em quatro temporadas no F.C. Porto, nos 92 jogos do campeonato em que interveio, marcou 47 golos.
Em 1975/76 ingressou no S.C. Espinho, na temporada seguinte rumou ao U.S.C. Paredes, em 1977/78 jogou no A.D. Sanjoanense. Passou na época seguinte pelo Académico de Viseu F.C. e entre 1979/80 a 1983/84 defendeu a camisola do F.C. Infesta.
Começou por jogar futebol nos juniores do Clube Ferroviario de Luanda até que em 1966 vem para Portugal.
Já em terras lusas ingressou nos juniores do Futebol Clube do Porto até passar a sénior, o que aconteceu em 1968.
Como sénior, Lemos ingressa no Boavista F.C. por empréstimo dos portistas. Nos axadrezados esteve durante duas temporadas tendo disputado 25 partidas oficiais e apontado 12 golos.
No inicio da época de Em 1970/71 regressa ao F.C. Porto.
A sua estreia com a camisola dos Dragões aconteceu no dia 13 de Setembro de 1970 em Faro, no Estádio São Luís, onde os portistas defrontam o S.C. Farense, num jogo a contar para a 1ª jornada do Campeonato Nacional de 1970/71 e que os algarvios venceram por 1-0.
Na tarde de 31 de Janeiro de 1971, memorável tarde, o nome de Lemos soou alto e soou longe, pela rádio. Lemos marcou, no Estádio das Antas, os 4 golos da vitória do F.C. Porto sobre o S.L. Benfica de Eusébio e Companhia! Mas não foi só por causa do "poker", nas Antas, que os benfiquistas jamais se esqueceram dele; é que, também na Luz, ainda na época 1970/71, Lemos fez o gosto ao pé e desfeiteou as "águias" por mais duas vezes no empate (2-2) no reduto encarnado. Assim, à sua conta, o avançado portista converteu todos os seis golos com que os Dragões brindaram os benfiquistas nos jogos do campeonato daquela temporada de 1970/71.
A vitória frente ao S.L. Benfica foi um marco na carreira de Lemos e os 4 golos um recorde que ainda perdura. Ele recorda com precisão e com orgulho cada pormenor dessa partida: "No primeiro golo, o falecido Pavão fez-me uma assistência primorosa e só tive de empurrar a bola. O meu segundo golo foi espectacular! Quando ninguém acreditava que chegasse à bola, quase na linha de fundo, desferi um pontapé que surpreendeu o Zé Henriques. No terceiro, o Bené fez um lançamento lateral, apanhei a bola e fiz um chapéu ao guarda-redes. E no quarto, estava com um problema num joelho e o Humberto Coelho não acreditou que eu chegasse a tempo mas ultrapassei-o e toquei a bola à saída do guarda-redes."
Esteve para ser cedido ao Barreirense F.C. antes do início da época do famoso jogo das Antas, como refere Pinto da Costa na sua autobiografia "Largos Dias Têm Cem Anos". E só não o foi porque, num plenário de 24 pessoas ficou decidido, "pela margem mínima de um voto", que o jogador permaneceria no clube – "era assim que funcionava o F.C. Porto, mesmo nas grandes decisões, como por hipótese, a escolha do treinador. Isto permitia situações completamente absurdas, como a maioria poder decidir contra a vontade dos responsáveis do futebol" – conta ainda Pinto da Costa que, na altura, era director das actividades amadoras. De facto, procedimentos 'muito democráticos' mas pouco eficazes.
A proeza de António Lemos igualou a de Carlos Nunes que, 35 anos antes, em 22 de Março de 1936, havia marcado 4 golos ao rival Sporting C.P. no Campo do Amial, no Porto. Aí o resultado a favor dos azuis e brancos foi bem mais dilatado, 10-1, e era o primeiro "poker" num "clássico" (F.C. Porto versus S.L. Benfica versus Sporting C.P.). Só Lemos repetiu a façanha.
O jogador esteve envolvido em mais de uma dezena de "clássicos" e só venceu aquele de Janeiro de 1971.
Nas épocas 1970/71 e 1971/72 marcou, respectivamente, 18 (melhor marcador da equipa) e 8 golos no Campeonato Nacional.
Em 1973 (decorria a época 1972/73) Lemos – que não obtivera o estatuto de "Atleta de Alta Competição", imprescindível para o subtrair à guerra do "Ultramar", foi mobilizado para Cabo Verde pelo Exército Português. Mas o inesperado aconteceu: o avião, que transportava Lemos e a sua "Companhia de Operações Especiais", fez um "desvio" na rota e aterrou em… Bissau (Guiné). E todos aqueles soldados que julgavam ir para uma "guerra" branda no arquipélago das belas mulatas e da romântica morna, lá ficaram naquela que era a colónia portuguesa com a conjuntura militar mais difícil e perigosa. Acresce que, no início do ano de 73, o PAIGC (movimento independentista) incrementara as acções de guerra criando muitas dificuldades às tropas portuguesas que combatia desde Janeiro de 1963. A Guiné estava a 'ferro e fogo' e, talvez por isso, a "Companhia" de Lemos tenha sido desviada para aquele território.
Voltou da Guiné em 1974 ainda a tempo de participar na época de 1974/75, a última que faria pelo F.C. Porto. Lemos jogou no F.C. Porto ao lado de grandes futebolistas como Rolando, Custódio Pinto, Nóbrega, Pavão, Bené, António Oliveira, Flávio, Abel, Seninho, Heredia, Rodolfo, Fernando Gomes e o extraordinário Cubillas. Contudo não logrou qualquer título pois, desafortunadamente para ele, esteve nos últimos anos de um período em que as agruras do futebol passaram pelas Antas. Mais dois ou três anos e saborearia as vitórias que abriram um longo e risonho ciclo, um tempo de gloriosas e inesquecíveis conquistas, que Lemos merecia.
Em quatro temporadas no F.C. Porto, nos 92 jogos do campeonato em que interveio, marcou 47 golos.
Em 1975/76 ingressou no S.C. Espinho, na temporada seguinte rumou ao U.S.C. Paredes, em 1977/78 jogou no A.D. Sanjoanense. Passou na época seguinte pelo Académico de Viseu F.C. e entre 1979/80 a 1983/84 defendeu a camisola do F.C. Infesta.
elaborado por Fernando Moreira
12 comentários:
Trajecto futebolistico que tenho nos meus apontamentos:
66-67 - FC PORTO
67-68 - FC PORTO
68-69 - Boavista
69-70 - Boavista
70-71 - FC PORTO
71-72 - FC PORTO
72-73 - FC PORTO
73-74 - Guiné-Bissau
74-75 - FC PORTO
75-76 - ????????
76-77 - ????????
77-78 - ????????
78-79 - Ac.de Viseu
Estranho como um jogador com uma apreciável média de golos, mais os factos relatados neste post, saí do FC PORTO com a idade de 25 anos e praticamente desaparece do meio futebolistico principal.
Entre 75 e 78, o Lemos esteve no Marítimo, à época na II Divisão, segundo os meus apontamentos.
Também não sei o porquê (mas gostava de saber) de ele ter "desaparecido" do panorama futebolistico português depois de se revelar tão grande promessa e de ter feito 40 golos em 77 jogos no FCP.
Eu vi esse Porto-Benfica e foi um delírio, pois nessa altura eles estavam claramente por cima.
Não me recordo porque tão depressa como apareceu, desapareceu, mas naquela altura, as coisas não funcionavam como agora.
Um abraço
Bem se sabe, como na época se comentou (em surdina, entenda-se...) que o Lemos foi para o Ultramar só por ser do FC Porto, pois já era Internacional em Esperanças e de Selecção B... Mais, facto sintomático, é que naquela época em que marcou mais golos ia à frente dos goleadores da prova quando, a poucas jornadas do fim, lhe inventaram um castigo de 4 jogos - para não ter hipóteses... Enfim, antes mais que agora, só que hoje temos mais armas...
Armando Pinto
Tinha na altura 9 anos e fruto da interioridade e falta de informação na época, podemos dizer que ainda não tinha uma simpatia especial por nenhum clube. Foi a partir desse memorável dia que me tornei portista de coração. E não era fácil ser-se portista nessa altura, pois o FCP ganhava pouca coisa.
1975/76 – Sporting de Espinho
1976/77 -
1977/78 – Sanjoanense
1978/79 – Académico de Viseu
1979/80 – Vila Real
1980/81 -
1981/82 – Oliveirense
1982/83 –
1983/84 –
1984/86 – Amarante
Faltou dizer que Lemos nasceu e começou a jogar em Angola.
Joguei futebol com o Lemos no F.C.Porto. Devo dizer que o jogo com o Benfica 4-0, foi delirante.O meu Amigo Lemos, ganhou nesse dia, um camião Tir cheio de, tintas, electródomesticos, e outros, sendo que um televisor Grundig foi por mim comprado,sendo o dinheiro apurado na venda, distribuido por todo o plantel.Uma atitude de grande nobreza.Devo referir que na altura, não existia o estatuto de alta competição, a menos que fosse só para atletas do Benfica, dado que eram os únicos que não eram mobilizados para as Províncias, pois no nosso clube, ainda tivemos os casos de Séninho, e o falecido Chico Gordo, mobilizados para Angola, onde jogaram, e foram campeões no (F. C. Moxico)para onde também fui mobilizado, e posteriormente desmobilizado.Do Lemos, devo referir a sua semelhança com o Alemão Gerd Muller, e que se não chegou mais longe, o mesmo se deve as vicissitudes da vida.Forte abraço Amigo Lemos.
Ludgero
já comentei no blog. do Luis, que de facto algo mudou neste PAIS, pois na altura tudo que era do F C PORTO, era para ser destruído, eu joguei contra o Lemos e se não me engano o Ludgero, fazia parte dessa equipa de juniores, juntamente com o Gurgulho, João, Viturino Chico Gordo, e muitos outros de quem não me lembro os nomes, mas que tenho uma foto do jogo de Barcelos, que tenho no meu fcebk.
Abraços e muita saude.
José Pinto.
Falta dizer que Lemos jogava no Ferroviário de Luanda, era ele júnior quando o Porto o foi buscar,eu jogava nas escolas do mesmo, ele era meu vizinho no Bairro da Boavista Luanda, ia sempre com o pai ver os juniores jogar aos domingos de manhã, como vêem eu conheço-o muito bem....
Hoje está na mó de baixo e precisa k alguem lhe dê a mão.A ultima vez k o vi trabalhava no parque de estacionamento do pingo doce em S.Mamede de Infesta .Uma homenagem se calhar era um bom motivo para continuar.....
Infelizmente está desde ontem dia 10/07/2019 de Luto pela morte de um seu sobrinho, treinador de futebol nas distritais de Coimbra e que ontem Faleceu de morte súbita aos 48 anos. As mais sentidas condolências. O
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